terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cena clássica... Fight Club

... atenção... para quem não viu o filme... pode conter spoilers ;)


quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Quantum of Solace

O seu nome é Bond, James Bond e o mundo conhece-o como o maior agente secreto do mundo. Daniel Craig é o actor que actualmente dá corpo ao agente 007 e ao contrário dos seus antecessores, talvez com a excepção de Sean Connery, o primeiro a representá-lo no grande ecrã, Craig tornou a personagem sua, afastando-se de tudo o que foi feito até à data, lembrando um pouco aquilo que Heath Ledger fez com o Joker de Jack Nicholson. O Bond deste século XXI é um homem real, falível e, acima de tudo, de carne e osso. A fanfarronice é mínima, as lutas são reais e acabaram-se as engenhocas pouco credíveis. O novo Bond está hoje mais perto de um Jason Bourne do que de um Maxwell Smart.

Quantum of Solace é o 22º filme da saga 007 e depois da surpresa positiva que foi Casino Royale, a expectativa sobre uma nova aventura era grande. Martin Campbell deu lugar a Marc Foster na realização e perante um realizador que tem no seu currículo filmes como Depois do Ódio, À Procura da Terra do Nunca, Stay, entre outros, tornava-se difícil imaginar como seria dada continuação à aventura anterior. Quantum começa exactamente no ponto narrativo em que terminou o filme anterior, o que torna difícil para quem não viu Casino Royale acompanhar alguns dos meandros da história. Desta vez Bond concentra-se em descobrir e desmantelar a organização responsável pelos acontecimentos do filme anterior e vingar uma morte muito particular.

Marc Foster segura firmemente as rédeas do mundo Bond e oferece aos fãs da série aquilo que querem ver. Se Casino Royale se dedicava essencialmente à história, Quantum of Solace é claramente um filme de acção, as cenas de perseguição e luta são complexas e extremamente bem coreografadas, mas a montagem é por vezes tão frenética que ficamos sem saber muito bem o que se passou. O francês Mathieu Amalric é o vilão de serviço, e a nova bond girl é a modelo russa Olga Kurylenko, a fazer aqui o papel de uma latina (!), infelizmente, nenhum dos dois consegue ser suficientemente coerente e credível com as respectivas personagens, tornando-se por vezes desfasados do resto do filme.

No seu todo, Quantum of Solace é um bom filme apesar de se revelar inferior ao seu antecessor, pecando por um certo exagero no número de sequências de acção. O excesso de mudanças de localização e a interminável teia de relações entre as personagens também não ajuda, tornando o filme por vezes confuso. Um ponto forte é a sempre magnífica presença de Judi Dench como M, que tem aqui mais tempo em cena.

Depois de alguns anos menos bons para este agente de sua majestade, o sucesso de Bond parece estar de volta e com Quantum of Solace a bater recordes de bilheteira um pouco por todo o mundo, de certeza que Bond ainda fará parte do nosso universo durante muito tempo.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Cena clássica... Alien O Oitavo Passageiro

... atenção... para quem não viu o filme... pode conter spoilers ;)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

The Happening

Dois anos depois de A Senhora da Água, filme que lhe custou alguns fãs e críticos, M. Night Shyamalan regressou ao género que o tornou famoso e uma referência no meio. Depois de uma história de encantar, surge-nos agora uma história de um “terror” que poderá estar mais próximo da realidade do que à partida se imagine.

Como o próprio nome indica, O Acontecimento retrata um determinado evento que surge de repente e se propaga sem qualquer explicação. O acontecimento em si apenas é registado nos humanos e é composto por três fases: a primeira destaca-se pela incoerência no discurso, a segunda por uma desorientação motora acentuada e por fim, a mais perturbante de todas, uma propensão para o suicídio, alguns deles verdadeiramente arrepiantes. Certamente que os passeios pelos parques nunca mais serão vistos da mesma maneira.

Durante cerca de hora e meia, iremos acompanhar o casal Elliot e Alma Moore (Mark Wahlberg e Zooey Deschanel), bem como o amigo Julian (John Leguizamo) e a sua filha Jess (Ashlyn Sanchez) na sua luta pela sobrevivência contra um inimigo difícil de identificar e impossível de combater.

Desta vez, em vez de “brincar” com fantasmas, monstros ou super-heróis, Shyamalan explora um dos medos mais básicos do ser humano, a sua insignificância perante a natureza e como a sua extinção pode ser rápida e fulminante. Este é, talvez, o filme mais violento de Shyamalan com algumas sequências memoráveis tal como a que decorre em Princeton. Destaque-se ainda a excelente banda sonora de James Newton Howard que volta assim a criar uma partitura assustadora na sua simplicidade.

Apesar de estar longe de um O Sexto Sentido ou mesmo A Vila, O Acontecimento é um filme que vale a pena ver. Fica apenas um conselho… mente aberta ;)

A inquietação está garantida e uns quantos saltos na cadeira são mais do que esperados, mas acima de tudo fica a pergunta… e se um acontecimento destes fosse mesmo possível?


sexta-feira, 11 de abril de 2008

REC

Estamos a meio da noite. A jornalista Angela Vidal e o seu cameraman Pablo fazem mais uma reportagem para o seu programa “Enquanto dormem”, um espaço televisivo dedicado a mostrar ao público a vida nocturna de uma cidade, especialmente através dos olhos daqueles que trabalham enquanto a maioria dorme. No programa dessa noite, Angela e Pablo acompanham o turno nocturno num quartel de bombeiros. Subitamente, por entre entrevistas e outras curiosidades, o alarme toca. Alguém precisa de ajuda. Num edifício no centro da cidade, ouvem-se gritos e uma senhora parece incapaz de abandonar o seu apartamento. E assim, aquilo que parece um salvamento banal e fácil torna-se numa luta pela sobrevivência com um inimigo destemido e impossível de combater. Depois de fechadas as portas a mais elementar das batalhas começa… viver a todo o custo.

À primeira vista REC faz lembrar um pouco O Projecto Blair Witch ou até o mais recente Cloverfield, aplicando a técnica “câmara ao ombro”. Só se vê aquilo que na circunstância a câmara consegue captar e nem um fragmento mais. A câmara conta uma história que nem sempre nos oferece uma conclusão explicativa. E se alguém parar de filmar? Ficamos sem saber o que se passa… Como tal, REC não apresenta uma premissa original nem uma forma única de a mostrar, simplesmente condensa uma série de elementos de terror que até à altura nunca tinham aparecido juntos sobre a mesma batuta. O desconhecido. O escuro. A claustrofobia. O sangue. A dor. O medo da pessoa ao nosso lado… REC oferece tudo isto em doses muito bem estudadas, habilmente entrelaçadas com alguma comédia que propositadamente nos deixa desprotegidos para o susto seguinte.

Realizado pela dupla espanhola Jaume Balagueró e Paço Plaza, REC tem surpreendido e agradado em todos os festivais por onde tem passado. Em Portugal, arrecadou o prémio de melhor filme no festival Fantasporto, o que revela mais uma vez não só a excelência na escolha dos filmes por parte dos organizadores do festival, como permite assim a um filme que poderia ser completamente ignorado no nosso país, ter a estreia que merece. Nos Estados Unidos está a ser já preparado o inevitável remake sobre o nome Quarantine, o que para quem viu o filme, mostra logo o pequeno desastre que se seguirá. Certamente o “irmão” americano atrairá mais audiência e fará mais dinheiro, mas será certamente muito inferior.

Os saltos na cadeira estão mais do que garantidos, e se a premissa e o selo de qualidade do Fantasporto não forem suficientes para vos levar a entrar na sala de cinema, deixo só uma última nota. Este filme tem aquela que é talvez uma das mais assustadoras sequências finais de sempre. Tenha medo… tenha muito medo lol :D

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Cloverfield

Eis um bom exemplo do que uma boa publicidade é capaz de fazer. Por vezes, menos é mais e tudo o que fica por dizer suscita uma maior curiosidade do que uma exposição muito detalhada sobre o que está a ser apresentado. Quando o filme surgiu nos EUA pouco ou nada se sabia sobre o mesmo, agora que já se passeia pelas salas europeias, já se foi levantando um pouco do véu, mas nada nos prepara para aquilo que iremos testemunhar no ecrã.

Confesso que sempre tive alguma curiosidade sobre o filme por duas razões, a primeira o pouco que era divulgado, o que aguçava assim a curiosidade, a segunda razão, o nome do criador e produtor, J.J. Abrams. Para quem não sabe, este senhor é o responsável por duas das melhores séries de sempre, A Vingadora e Perdidos. Pode não ser um grande realizador, como se viu em Missão Impossível 3, mas como criador de conceitos de entretenimento, neste momento não há ninguém melhor.

O excesso de publicidade que o mercado publicitário português decidiu fazer acabou por me afastar um pouco da possibilidade de o ver. Vejam bem que até o Metro Lisboa oferecia bilhetes para sessões feitas nas suas estações. Comecei a temer que fosse mais um caso de muito barulho por nada, uma vez que aquilo que consideram original no filme, afinal não o é verdadeiramente. Filmes de catástrofes existem muitos, e se pensarmos num filme sobre uma criatura que se passeia e destrói uma cidade basta lembramo-nos de Godzilla. Mas o que torna Cloverfield diferente de um qualquer filme ao estilo de Godzilla prende-se com o uso de uma câmara digital de forma amadora, para nos mostrar aquilo que alguém conseguiu filmar no meio daquele acontecimento. Pois bem, isto também não é único, basta pensarmos em O Projecto Blair Witch. Apesar de tudo, a junção destes conceitos, resulta num filme único e diferente de tudo o que já se viu em cinema. Se o uso de imagens amadoras nos provoca por vezes alguma sensação de enjoo devido a todos os abanões e cortes, a verdade é que esta técnica resulta de forma muito eficaz em transportar-nos para a posição das personagens. Só vemos aquilo que elas vêem e, por vezes, é mais assustador aquilo que não se vê do que o que nos é apresentado.

As cenas de acção são intensas e difíceis de ignorar. A cada cena pensamos que dali para a frente nada será melhor, mas o realizador parece decidido em surpreender-nos a cada minuto que passa. Se de início o filme parece algo pachorrento e exige uma certa paciência, a verdade é que assim que começa a acção, deixamos de ter permissão para respirar. Vivemos em pouco mais de uma hora, uma descarga de energia que não nos abandona quando saímos.

Nome de Código: Cloverfied é uma experiência de cinema e por isso mesmo, não é filme para se ver em dvd, uma vez que não há plasma e sistema de som que lhe consiga fazer a justiça que só uma sala de cinema consegue. Assim sendo, ainda bem que decidi atirar com todas as minhas reservas para trás dos ombros e deixar-me levar para a sala. De certeza que se algum dia o visse em dvd não me perdoaria pela experiência que tinha perdido. Finalmente um filme de puro entretenimento que nos enche as medidas…

E certamente que muito em breve teremos as inevitáveis imitações :S


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

In the Valley of Elah

Era uma vez um rapaz chamado David que, contra tudo e contra todos, decidiu engolir o seu medo e enfrentar um gigante. No vale de Elah, David venceu Golias e o mundo que conhecia mudou para sempre. O menino tornou-se homem…

Este é apenas o segundo filme de Paul Haggis, mas dada a qualidade do primeiro, o oscarizado Colisão, a curiosidade em relação a este No Vale de Elah é mais do que justificada. E Paul Haggis não desilude. Não tem certamente o mesmo impacto de Colisão, mas é um filme ao qual é difícil ficar-se indiferente.

A história tem como pano de fundo a guerra no Iraque, considerada por muitos como o Vietname dos nossos dias. Uma guerra sem justificação nem fim à vista, que mais não faz do que mutilar famílias e destruir corações. Não se enfrentam gigantes sem que a nossa percepção do mundo se altere. Quem consegue regressar jamais será a pessoa que partiu. Uma geração que vai perdendo parte da sua humanidade. No final do filme, quando o peito ainda está apertado, por tudo o que se viu e sentiu, e tendo ainda bem presente a mensagem do arrepiante plano final, Haggis mostra uma pequena dedicatória. Uma foto, certamente a que deu origem à história que acabou de ser contada e uma frase: “Para todas as crianças.” Porque aqui não há distinções. É no nascimento e na morte que nos revelamos iguais. É de lamentar as crianças iraquianas que morrem neste conflito insano, mas também, as crianças americanas a quem são dadas armas e inimigos sem rosto.

Tommy Lee Jones é o sargento Deerfield a quem é comunicado que o seu filho está desaparecido desde que a sua companhia regressou aos Estados Unidos. A busca pela verdade começa. De início, um pai que procura um filho desaparecido, de seguida um pai que busca justiça para um assassinato. Cedo ficamos a saber que Mike está morto e que ao contrário do que se imaginaria, morreu no seu país quando já não estava em combate. Facilmente Haggis poderia tornar esta história num thriller moralista, mas o que lhe interessa, mais do que os actos, são as pessoas por detrás deles. Quem somos verdadeiramente e quais os botões que quando premidos despoletam a nossa mudança. Assim, não nos é apresentada qualquer personagem fácil, apenas seres complexos e com defeitos e, por isso, infinitamente humanos.

Os actores são de alto calibre e como tal, boas performances são mais do que garantidas. Charlize Theron agarra com unhas e dentes uma personagem que nas mãos de outro realizador seria certamente um novelo de estereotipos, a detective responsável pelo caso do assassinato de Mike. Susan Sarandon, por sua vez, interpreta a mãe do jovem, e apesar de só aparecer durante cerca de 10 minutos ao longo de todo o filme, a sua interpretação é arrepiante, sendo o contraposto perfeito para a personagem de Lee Jones.

Mas, depois de tudo isto, há algo que é preciso realçar. Tommy Lee Jones. Por muito bom que o filme seja, a sua interpretação é o elemento que ficará gravado a ferros na memória. O seu sargento Deerfield é um exercício de contenção absolutamente esmagador. Cada rasgo de dor parece ainda mais doloroso porque ele não o exprime. A sua interpretação é tão complexa e carregada de nuances que é difícil avaliá-las a todas. Numa cerimónia em que o Óscar de melhor actor parece mais do que destinado a Daniel Day Lewis, arrisco-me a dizer que não me espantaria se Tommy Lee Jones se revelasse a surpresa da noite.

Julgamos conhecermo-nos uns aos outros e por isso deixamos de nos ouvir. Fazemos das nossas crenças leis. Olhamos em frente para não nos desviarmos do caminho. Ignoramos quem nos chama. E por vezes os gritos de ajuda são meros sussurros ao ouvido. Se ao menos parássemos para lhes prestar atenção… Numa palavra, assombroso.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

3:10 TO YUMA

Ontem à noite dei por mim a entrar numa sala de cinema pela primeira vez em 2008. O filme, 3:10 to Yuma. Não seria certamente a minha primeira escolha do ano, mas foi a oportunidade que surgiu. Talvez fossem as saudades da salinha escura, ou a alegria de ter sido contemplada com um convite para uma antestreia logo quando já nem me lembrava de ter concorrido, a verdade é que me sentei com uma imensa vontade de me divertir. E diverti-me sim senhor...

3:10 to Yuma é um remake do filme de 1957 com o mesmo nome realizado por Delmer Daves. O realizador de serviço é agora o competente mas discreto James Mangold, o responsável por Vidas Interrompidas e Walk the Line. Os papéis principais estão a cargo de dois dos melhores actores do cinema actual, Russell Crowe e Christian Bale.

Dan Evans (Bale) é um fazendeiro empobrecido e com uma família para sustentar que vê a oportunidade de reconstruir a sua vida no momento em que Ben Wade (Crowe) cruza o seu caminho. Wade e o seu bando são os criminosos mais perigosos e procurados da região. Quando Wade é capturado (e aqui o filme não foge ao cliché de que tal só poderia suceder por culpa de uma mulher), as autoridades decidem que o melhor a fazer é levá-lo para a cidade de Contention onde apanhará o comboio das 3 e 10 rumo à prisão de Yuma, onde será, certamente, condenado e executado. Mas o que parece uma tarefa simples, não o é, porque o seu bando exige a libertação do seu líder e tudo fará para o salvar, especialmente Charlie Prince, o seu violento e irascível braço direito, interpretado de forma contagiante pelo desconhecido Ben Foster. O jogo do gato e do rato começa, de um lado um bando de bandidos sem escrúpulos, do outro um grupo invulgar para escolta de um prisioneiro, um fazendeiro perneta, um diplomata sem espinha dorsal, um mercenário idoso e ferido, um miúdo e ainda um veterinário.

De todos os actores, Christian Bale é aquele que tem a tarefa mais difícil, uma vez que a sua personagem é a mais ingrata da história, podendo facilmente cair em estereótipos a que o actor simplesmente se nega a ceder. Mostrando mais uma vez ser o rei dos sotaques, Bale volta a provar que é um dos melhores e mais intensos actores dos últimos anos. Quanto a Russell Crowe, que tal como Bale, não consegue ser mau actor, parece no seu elemento. Apesar da personagem se encontrar a anos-luz daquilo que sabemos ser capaz de fazer, existe um lado despretensioso e fanfarrão de Wade que lhe acenta na perfeição. Se Bale é o pilar emocional da história, Crowe, por sua vez, tem a cena mais profunda e bem interpretada de todo o filme. Um duelo entre dois homens com vidas opostas mas com mais em comum do que ambos imaginam, tornando difícil ao espectador escolher um lado da contenda.

Não estamos perante um western majestoso. Aqui a palavra-chave é entretenimento. E há dias em que isso basta :D