quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

3:10 TO YUMA

Ontem à noite dei por mim a entrar numa sala de cinema pela primeira vez em 2008. O filme, 3:10 to Yuma. Não seria certamente a minha primeira escolha do ano, mas foi a oportunidade que surgiu. Talvez fossem as saudades da salinha escura, ou a alegria de ter sido contemplada com um convite para uma antestreia logo quando já nem me lembrava de ter concorrido, a verdade é que me sentei com uma imensa vontade de me divertir. E diverti-me sim senhor...

3:10 to Yuma é um remake do filme de 1957 com o mesmo nome realizado por Delmer Daves. O realizador de serviço é agora o competente mas discreto James Mangold, o responsável por Vidas Interrompidas e Walk the Line. Os papéis principais estão a cargo de dois dos melhores actores do cinema actual, Russell Crowe e Christian Bale.

Dan Evans (Bale) é um fazendeiro empobrecido e com uma família para sustentar que vê a oportunidade de reconstruir a sua vida no momento em que Ben Wade (Crowe) cruza o seu caminho. Wade e o seu bando são os criminosos mais perigosos e procurados da região. Quando Wade é capturado (e aqui o filme não foge ao cliché de que tal só poderia suceder por culpa de uma mulher), as autoridades decidem que o melhor a fazer é levá-lo para a cidade de Contention onde apanhará o comboio das 3 e 10 rumo à prisão de Yuma, onde será, certamente, condenado e executado. Mas o que parece uma tarefa simples, não o é, porque o seu bando exige a libertação do seu líder e tudo fará para o salvar, especialmente Charlie Prince, o seu violento e irascível braço direito, interpretado de forma contagiante pelo desconhecido Ben Foster. O jogo do gato e do rato começa, de um lado um bando de bandidos sem escrúpulos, do outro um grupo invulgar para escolta de um prisioneiro, um fazendeiro perneta, um diplomata sem espinha dorsal, um mercenário idoso e ferido, um miúdo e ainda um veterinário.

De todos os actores, Christian Bale é aquele que tem a tarefa mais difícil, uma vez que a sua personagem é a mais ingrata da história, podendo facilmente cair em estereótipos a que o actor simplesmente se nega a ceder. Mostrando mais uma vez ser o rei dos sotaques, Bale volta a provar que é um dos melhores e mais intensos actores dos últimos anos. Quanto a Russell Crowe, que tal como Bale, não consegue ser mau actor, parece no seu elemento. Apesar da personagem se encontrar a anos-luz daquilo que sabemos ser capaz de fazer, existe um lado despretensioso e fanfarrão de Wade que lhe acenta na perfeição. Se Bale é o pilar emocional da história, Crowe, por sua vez, tem a cena mais profunda e bem interpretada de todo o filme. Um duelo entre dois homens com vidas opostas mas com mais em comum do que ambos imaginam, tornando difícil ao espectador escolher um lado da contenda.

Não estamos perante um western majestoso. Aqui a palavra-chave é entretenimento. E há dias em que isso basta :D